Sonho olímpico: Jefferson Sabino mira retorno ao Jogos de Pequim
16 de julho de 2021Um. Dois. Três saltos. E os 16m45cm não foram suficientes para Jefferson Sabino seguir nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008, na China. Aos 25 anos, o saltador triplo teria ainda duas oportunidades de voltar a viver esse sonho. Que não mais experimentou. Duas lesões tiraram de Jeffão a chance de estar em Londres, em 2012, e no Rio, em 2016. Encerrou a carreira, mesmo assim, com muito para se orgulhar. Foi pentacampeão brasileiro, tetracampeão sul-americano, campeão ibero-americano, bronze no Pan de Guadalajara, participou de sete Mundiais de Atletismo, foi campeão dos Jogos Mundiais Militares e, apesar das adversidades, foi um atleta olímpico.
O Natal de 2020 se aproximava quando Sabino viu nas redes sociais a divulgação de uma seletiva para a seleção brasileira de bobsled. Sócio de uma empresa provedora de internet, valeu-se da flexibilidade do trabalho e pensou consigo: “Por que não?” Sabia que tinha como trunfo o fato de ter mantido a boa forma física, o lastro esportivo e, mais, uma experiência prévia na modalidade, em 2002. Ainda que defina como uma passagem relâmpago. “Nem dá pra dizer que fiz parte da equipe. Foi em Innsbruck, na Áustria, e já fui pra competir na Copa do Mundo. Cheguei lá praticamente descendo. Mas era uma coisa totalmente diferente. Vendo como era à época e como é agora, posso dizer com toda certeza que o bobsled do Brasil saiu do amadorismo para o profissionalismo. Equipamento, treinamento, assistência da Confederação… É tudo outro nível”, descreve.
Mas o alto nível da equipe não foi barreira para Jeffão ingressar no time. Ele entrou. E é aí que entra também uma das histórias que pode se tornar uma das mais espetaculares dos Jogos Olímpicos de 2022. Em caso de classificação (e de vaga entre os cinco membros do time brasileiro), voltará a ter a chance de ser atleta olímpico exatamente na cidade onde participou do evento pela primeira e última vez. “É incrível como o mundo dá voltas. Depois de Pequim e de não conseguir as vagas para Londres e Rio, pensei ‘já era, nunca mais’. E agora estou tendo essa chance de novo. Por isso meu foco agora é o bobsled. Tudo indo bem, daqui cinco, dez, 15 anos, eu vou poder seguir trabalhando. Mas a possibilidade olímpica é agora. O tempo está contra mim, contra nós, então não posso desperdiçar essa oportunidade. Ainda mais eu, com 38 anos. Estou bem empolgado”, confessa.
A empolgação tem motivo para existir. As lembranças ainda frescas na memória da experiência de 13 anos atrás, em Pequim, só fazem aumentar o desejo de estar lá outra vez. “É sensacional. Os chineses são sensacionais. A organização, a estrutura, foi um espetáculo. E o ambiente olímpico é muito legal. Andando na Vila Olímpica e do nada está o Kobe Bryant, depois o (Rafael) Nadal, a (Yelena) Isinbaeva, depois o Ronaldinho tocando o pandeiro dele, o Bolt… No dia em que a Maurren Maggi ganhou o ouro, ela falou pra irmos na premiação, nos bastidores, e lá estava o 4×100 da Jamaica. Tinham acabado de ganhar. Tava a maior bagunça”, recorda, admirado com tudo que pôde vivenciar.
Diante do que pode voltar a viver, Jeffão treina de segunda a sábado com a confiança de um veterano do bobsled. Ainda que não seja, para quem já esteve nos Jogos Olímpicos de Pequim a China parece logo ali.
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