Sonho olímpico: “Prazer, eu sou a Larissa”

20 de março de 2021

Foto: Rafael Novais

Era 2018. Larissa Paes estava na Holanda recebendo as primeiras oportunidades de praticar patinação sobre o gelo após realizar a melhor temporada da carreira na versão sobre rodas. Hospedada na residência de um atleta local, cujo treinador era o mesmo, a brasiliense recebia visitas frequentes de atletas olímpicos. Um privilégio para qualquer iniciante… que reconhecesse os astros.

Certo dia, um campeão olímpico bateu à porta da residência. Fora visitar o proprietário. Famoso em seu país, o convidado apresentou-se à Larissa como se dispensasse apresentações.

– Prazer – disse ele, provavelmente à espera de reverências.
– Prazer, eu sou a Larissa – respondeu a brasileira, sem notar a pequena gafe que acabava de cometer.

Três anos após o episódio, Larissa Paes acostumou-se a encontros deste porte. Desde outubro de 2018 morando em Salt Lake City, nos Estados Unidos, onde se aperfeiçoa na patinação sobre gelo em uma das melhores estruturas do mundo, o Utah Olympic Oval, a atleta hoje treina constantemente rodeada por ícones do esporte. Ídolo de Larissa, o americano Joey Mantia, 28 vezes campeão mundial e também recordista mundial, é frequentemente visto por lá. O também americano Shani Davies, para alguns o melhor de todos os tempos, é outro que costuma cruzar os caminhos da jovem de 25 anos. Há cerca de um ano, ao vê-la com a jaqueta brasileira, disse:

– Uau, você compete no gelo pelo Brasil! Como veio parar aqui? Prazer, Shani.

Foto: Rafael Novais

Não houve surpresas.

A proximidade com lendas do esporte não deslumbram Larissa, entretanto. “Vejo esses caras quase todos os dias. E me perguntam muito como é. O fato é que tento aprender com eles tudo que posso. Não é só ficar admirada, pensar “uau”. Aproveito para ver o comportamento. Ver como reagem quando ganham, quando perdem. Mais do que ídolos, vejo eles como professores”, diz.

Uma passagem ilustra bem isso. Na temporada passada, Larissa trocou as lâminas dos patins. Com dificuldade para ajustar a posição das mesmas, a brasileira viu seu desempenho ficar abaixo do que podia mostrar. “Aí mandei uma mensagem para o Thomas Krol, campeão mundial nos 1.500. Ele me falou como ajustar e deu certíssimo. No dia seguinte, já estava muito melhor”, comenta.

Foto: Vintage Youth Photography

A evolução com tanto aprendizado é notável. Os recordes vêm provando isso e lhe permitem sonhar. Por que não com os Jogos Olímpicos de Inverno? “Minha treinadora mental diz: ‘Você nunca deve pensar na sua chance daqui um ano ou mais considerando as condições que você tem hoje’. Com as condições de hoje, não entro nas Olimpíadas. Mas eu tenho um ano para isso. Até por isso foi que tomei a decisão de ficar aqui nos Estados Unidos depois do fim da temporada. Eu não invisto em algo que não vejo futuro”, analisa.

Fato é que a brasileira já tem motivos de sobra para se orgulhar dos próprios feitos. Primeira atleta a sair do Brasil e fazer a transição das rodas para o gelo na patinação de velocidade, Larissa sabe que seu pioneirismo já a coloca na história. O que, também tem consciência, lhe traz um papel importante. “Espero que eu possa servir de exemplo, de inspiração e dedicação para outros atletas brasileiros. De fora, minha vida pode parecer mais fácil do que é. Estar nos Estados Unidos treinando parece maravilhoso. E é, mas tenho que tomar decisões diariamente e tenho uma carga de treinamentos muito puxada”, afirma. “Alguns atletas de rodas perguntam sobre como fazer para ir para o gelo. Tem um pouco de intimidação de não ser algo acessível. E de fato tem que se sacrificar muito. Mas é um esporte maravilhoso. A patinação é encantadora, muito bem organizada internacionalmente. Como atleta de performance, aprecio muito a dedicação desses atletas. Quem quer ter uma carreira, é muito importante se interessar pela patinação no gelo, buscar informações. O esporte sempre só trouxe benefícios para minha vida.”

Texto: Renan Turra

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