Sonho olímpico: foco absoluto é a receita para o sucesso de Erick Vianna
6 de outubro de 2021Erick Vianna lembra com precisão daquele dia. Era 9 de fevereiro de 2018. Com luvas e toucas pretas, abrigo azul e amarelo e um largo sorriso no rosto, sentia “cair a ficha” de tudo que havia feito para chegar àquele momento. Em PyeongChang, na Coreia do Sul, vivia pela primeira vez a experiência dos Jogos Olímpicos de Inverno. E em sua alma, sentia a recompensa chegar, após muitos anos de treinos, competições e renúncias.
Para concretizar o sonho olímpico de 2018, Erick batalhou por no mínimo 12 anos. Foi em 2006, afinal, que iniciou a relação mais intensa com o esporte – especificamente, o atletismo. Avisado por uma professora sobre um campeonato da modalidade que seria realizado em Araraquara, não pensou duas vezes antes de se inscrever. Sábia decisão. Tanto nos 60 metros rasos quanto no arremesso de peso ficou em segundo lugar. E, aqui, valem duas ressalvas: em ambas as provas levou certa desvantagem para os oponentes. Na corrida, usou tênis em vez de sapatilhas. No arremesso, talvez pelo porte físico avantajado, foi colocado erroneamente na categoria acima. Erick tinha 13 anos à época.
Passada a competição, o atleta de Araraquara foi logo convidado para treinar nas pistas locais. Passou a vencer tudo. Os nomes dos campeonatos? Nem o interessavam. “Eu só queria ser o mais rápido e ganhar”, recorda. Foi desse jeito, superfocado, que alcançou àquela altura o melhor tempo da América do Sul nos 75 metros rasos, na categoria mirim.
O foco absoluto foi também o que levou Erick a dedicar-se 100% ao bobsled, em 2015. Após ser avisado de uma seletiva da modalidade e que ele unia dois fatores importantes para o esporte (força e velocidade), resolveu encarar o desafio. Buscou na memória cenas do filme Jamaica Abaixo de Zero e dos Jogos Olímpicos de 2010 e, então, seguiu em frente. Após um período de testes, foi aprovado juntamente com Rafael Souza para a seleção.
Foram cerca de três anos, então, entre o começo no bobsled e a participação olímpica na modalidade. Tempo curto demais para lidar bem com a ascensão meteórica? As atitudes de Erick durante os Jogos mostraram mais uma vez seu foco nos objetivos. “Fui como um reserva/titular, porque estava no mesmo nível dos demais. Acordava 5h40, ia para a academia, pedalava dez minutos, fazia alongamento, tomava café, acordava cedo, sem relaxar… Eu evitava distrações”, diz, contando um pouco do que foi sua primeira experiência olímpica.
Mas o próprio atleta garante que chegará ainda mais preparado aos Jogos de Inverno de 2022, em caso de classificação. “Hoje conto com uma equipe multidisciplinar muito profissional e compete, formada por fisioterapeuta, médico, cardiologista, treinador físico, treinador de LPO, nutrólogo, treinador de estabilidade e mobilidade, convênio médico, e com isso consigo extrair o melhor da minha performance como atleta”, conta.
Para pavimentar a sua segunda presença em Jogos Olímpicos, Erick precisa somar pontos no ranking mundial da modalidade. Para isso, ele e os demais colegas de seleção partirão dia 7 de outubro para os Estados Unidos. A partir de novembro, disputam a Copa América de Bobsled buscando o terceiro título da competição. Será um bom e importante teste para Pequim-2022.
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